'Corruptos se protegem', 'asilo irregular': Jornais do Peru condenam asilo de ex-primeira-dama Nadine Heredia concedido pelo Brasil

  • 18/04/2025
(Foto: Reprodução)
Heredia se refugiou na Embaixada do Brasil em Lima antes que a Justiça a sentenciasse a 15 anos de prisão. O marido dela, o ex-presidente Ollanta Humala, foi preso. 'Entre corruptos se protegem', diz capa do jornal peruano 'Diario Trome' de 17 de abril de 2025 Reprodução Jornais peruanos criticaram o governo do Brasil por conceder asilo à ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, após a condenação de seu marido a 15 anos de prisão por um escândalo relacionado à Odebrecht. A muher do ex-presidente Ollanta Humala chegou na última quarta-feira (16) a Brasília após obter um salvo-conduto do governo peruano para se refugiar no país. Humala governou o Peru entre 2011 e 2016. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp Heredia foi condenada na terça-feira (15) a 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro da construtora brasileira e pelo governo do ex-presidente venezuelano Hugo Chávez. Mas, ao contrário de Humala, a ex-primeira-dama não foi presa após condenação. Ela se refugiou na Embaixada do Brasil em Lima e, de lá, recebeu o salvo-conduto de seu governo e o asilo de Brasília. Os jornais peruanos não pouparam críticas ao presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Entre corruptos, se protegem", diz a manchete do jornal "Diario Trome" de quinta-feira (17). "Qualificam como vergonhoso que Lula dê asilo a Nadine logo após ser condenada a 15 anos por lavagem de dinheiro", afirma a capa do periódico. Capa do jornal 'El Comercio' do Peru de 18 de abril de 2025 Reprodução Já o diário "El Comercio" desta sexta destaca o ex-chanceler Francisco Tudela, o qual afirma que a ex-primeira-dama não deveria ter o benefício concedido por Brasília: "O asilo do Brasil a Nadine Heredia é irregular, foi outorgado a quem não se qualifica". Capa do jornal peruano 'Correo' de 16 de abril de 2025 Reprodução O "Correo", por sua vez, considerou o asilo de Heredia um ato de zombaria em relação à decisão judicial: "Uma ri da justiça e outro vai para a prisão", diz a chamada, referindo-se ao casal. O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, afirma que o asilo foi concedido por razões humanitárias. Confira no vídeo abaixo: Brasil deu asilo a ex-primeira-dama do Peru por razões humanitárias, diz Mauro Vieira Refúgio no Brasil Ex-primeira-dama do Peru pede asilo na Embaixada do Brasil De acordo com um dos advogados de Humala no Brasil, Marco Aurélio de Carvalho, Heredia tem câncer e já havia solicitado permissão para viajar ao Brasil para tratamento, mas o pedido foi negado na ocasião. Isso porque o julgamento da ex-primeira-dama estava ainda em andamento — o processo, no total, durou três anos, entre a investigação e a sentença final, lida pelo juiz responsável pelo caso em tribunal. Heredia, que respondia ao processo em liberdade ao lado de seu marido, não apareceu para a leitura da sentença na terça-feira (15). Após uma operação de busca e apreensão em sua casa, policiais constataram que ela estava na Embaixada do Brasil na capital peruana. Seus advogados afirmaram ainda que, como seguia tentando autorização para viajar ao Brasil e ser submetida ao tratamento, Heredia optou por buscar refugio no edifício do governo brasileiro. Além dela, o Brasil concedeu asilo diplomático a seu filho mais novo. O governo peruano concedeu o salvo-conduto com base na alegação de doença e também afirmou que daria garantias para a transferência dos dois ao Brasil. Já Humala, que além de ex-presidente é militar aposentado, foi levado para cumprir pena em uma base policial construída especialmente para abrigar ex-líderes peruanos presos — o Peru tem um histórico de ex-presidentes presos por corrupção. Os ex-presidentes Alejandro Toledo e Pedro Castillo, ambos presos, cumprem pena na mesma base policial. Já Alberto Fujimori, também condenado, permaneceu lá até sua libertação, em 2023. Nadine Heredia e Ollanta Humala Reuters/Mariana Bazo Por que Heredia foi condenada junto do marido? Nadine foi acusada de atuar ativamente em atividades ilícitas do Partido Nacionalista Peruano, que ela ajudou a fundar ao lado do marido. A ex-primeira dama chegou a ser vice-presidente da sigla. Durante o mandado presidencial de Humala, ela também participou da arrecadação ilícita de fundos e em esquemas de lavagem de dinheiro, ainda de acordo com a acusação. Ela nega. Além do casal, o irmão de Nadine, Ilán Heredia, cunhado de Humala, também foi condenado a 12 anos de prisão no mesmo processo. Os promotores alegaram que Humala recebeu os fundos ilícitos em sua campanha de 2011 contra Keiko Fujimori – a filha do outro ex-presidente – por meio do Partido Nacionalista de Humala. "Delegações peruanas estiveram no Brasil para mostrar semelhanças no processo, e nós confirmamos que de fato os procedimentos são rigorosamente iguais. Os promotores e os juízes de lá, infelizmente, adotaram os mesmos métodos ilegais adotados no Brasil pelo ex-juiz Sergio Moro e pelos promotores da Operação Lava Jato", disse a defesa do ex-presidente. Sua prisão entrou em vigor de forma imediata, mesmo que ele recorra da condenação. O tribunal deve continuar lendo a sentença completa nos próximos dias. O advogado de Humala, Wilfredo Pedraza, classificou a sentença como "excessiva", afirmando que os promotores não conseguiram provar a origem ilegal dos fundos. Ele disse que a defesa planeja recorrer assim que a decisão final for proferida em 29 de abril. Quem é Nadine Heredia? Em imagem de arquivo, o ex-presidente do Peru Ollanta Humala e sua mulher, Nadine Heredia, participam de ato de campanha. Reuters A ex-primeira-dama, de 48 anos, sempre esteve envolvida com a política ao longo da vida adulta. Nascida em uma família rica, ela foi criada com uma educação que valorizava a importância do império Inca na história do Peru, segundo a imprensa local. Heredia cursou comunicação social e se especializou em sociologia, mas acabou migrando para a política. Durante a gestão de seu marido no Peru, participou ativamente de atividades presidenciais e gerou especulações de que ela também poderia concorrer à eleição. Ela nunca se pronunciou sobre o rumor. Em paralelo, Heredia trabalhou em ONGs e em agências de ajuda humanitária, como a USAID, a agência de ajuda humanitária dos Estados Unidos que ganhou holofotes do mundo este ano após Donald Trump anunciar que encerraria a maioria de suas atividades e demitiria quase a totalidade dos funcionários. Depois de que seu marido deixou o poder, em 2016, ela chegou a assumir a diretoria no Peru da agência da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO, na sigla em inglês), mas deixou o posto depois de um ano por conta das acusações de corrupção. A Promotoria peruana acusou Heredia de ter, entre outros crimes, gerido o pagamento ilegal de quantias enviadas ao governo peruano pelo governo venezuelano, à época sob comando de Hugo Chávez. A imprensa peruana também apontou que a ex-primeira-dama viajava à Europa e comprava artigos de luxo com propinas venezuelanas quando seu marido era presidente. Ela também nega. Heredia é casada com Humala desde 1996, com quem tem três filhos. Salvo-conduto A presidente do Peru, Dina Boluarte, concedeu salvo-conduto para permitir que a ex-primeira-dama Nadine Heredia fosse ao Brasil. Mais tarde, o Ministério das Relações Exteriores do Peru afirmou que o Brasil concedeu asilo diplomático a Nadine. A Chancelaria do Peru informou que o pedido de asilo foi feito "em conformidade com o estabelecido na Convenção sobre Asilo Diplomático de 1954, da qual o Peru e o Brasil são signatários." A Justiça peruana condenou Humala e Nadine após investigações que apontaram que o ex-presidente recebeu US$ 3 milhões da Odebrecht e outros US$ 200 mil de Chávez para financiar suas campanhas presidenciais de 2006 e 2011. Humala foi eleito presidente em 2011 e permaneceu no cargo até 2016. Ele e a mulher chegaram a ser presos em 2017, no âmbito das investigações. Naquele ano, o ex-diretor da Odebrecht no Peru afirmou que a empresa fez doações a Humala a pedido do PT. Ao final do julgamento, Humala foi detido pela polícia e levado à prisão. Uma ordem de prisão também foi expedida contra Nadine, que não compareceu à audiência. Além da pena de prisão, Humala terá que pagar uma multa de 10 milhões de soles (cerca de R$ 15,7 milhões). O caso Mulher de ex-presidente do Peru se refugia na embaixada do Brasil após ser condenada à prisão Humala foi o primeiro ex-presidente peruano a ser julgado no escândalo de corrupção da Odebrecht, que envolveu também outros três ex-mandatários do país: Alan García se suicidou em 2019, quando a polícia chegou a sua casa para prendê-lo. Alejandro Toledo foi condenado a 20 anos de prisão por receber propinas em troca de contratos com o governo. Pedro Pablo Kuczynski está em prisão domiciliar enquanto aguarda a conclusão das investigações. Humala venceu a eleição de 2011 ao derrotar Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori. Keiko também chegou a ser presa por mais de um ano em um processo ligado à Odebrecht, posteriormente anulado pela Justiça. Em entrevista à agência de notícias espanhola EFE em fevereiro deste ano, Humala negou ter recebido propina da construtora e sugeriu que o dinheiro poderia ter sido desviado pelo ex-diretor da empresa no Peru, Jorge Barata. "Se essa tese de que, efetivamente, Marcelo [Odebrecht] teria arranjado para que Barata [enviasse dinheiro para sua campanha], o que eu acho, primeiro, [é que] não acredito que isso tenha acontecido, mas, se aconteceu, Barata roubou o dinheiro", disse. O ex-presidente do Peru, Ollanta Humala, antes de ser preso em audiência, em 15 de abril de 2025 REUTERS/Angela Ponce VÍDEOS: mais assistidos do g1

FONTE: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/04/18/corruptos-se-protegem-asilo-irregular-jornais-do-peru-condenam-asilo-de-ex-primeira-dama-nadine-heredia-concedido-pelo-brasil.ghtml


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